terça-feira, 31 de maio de 2011

Eu, meu primeiro amor



É em movimento que meus pensamentos acordam.  Em rítmo de viagem.  Começo a ouvir a trilha daquela viagem.  Os movimentos se acordam dentro de mim.  Preciso criar algo.  Porque o lúdico dentro de mim quer explodir.  E pede reconhecimento.  preciso dar alguma forma a ele.  Preciso criar algo.  Algo que recompense, compense pela solidão da criação - e dê significado a angústia deste momento - criando algo belo.  Substituindo com forma o que não tem forma - o amor.

Olhando todas as pessoas passando, cruzando, como num filme em movimento... eu penso, cada uma dessas pessoas é um grande mundo.  Cheio de amor, cheio de sonhos, com algum grande sonho, com alguma dor, e alguns medos.  Uma menina que derrapa na calçada em frente ao ônibus lembra a minha irmã.  Uma mulher com sua filha sentada num banco de cimento olha para a sua filha. Ela lembra todas as mães do mundo.  E lembra só ela mesma sentada ali naquele banco.

Sentada em algum lugar muito longe da minha casa, eu sou capaz de me ver, de me enxergar de alguma outra forma.  Meu primeiro amor - a criação dentro de mim.  Essas palavras, quando criança - as formas do lápis, hoje - uma maneira de enxergar o mundo, uma forma de admirar o mundo, de amar o mundo - as imagens, os movimentos, a música das imagens.

A grande busca desta vida é se encontrar a si mesmo.  É uma das descobertas mais árduas e duras porque temos que fazê-la completamente sozinhos.  A busca eterna desta existência - o amor por si mesmo.  Se encontrar, se descobrir, se identificar, e enfim - se amar.  Não existe fórmula.  Todos nós estamos - em uma busca eterna - procurando nos encontrarmos por aí.  E ao nos encontrarmos - podermos nos amar.  Eis o maior aprendizado da vida.
Alguns se negam na exacerbada auto-afirmação, outros na baixa auto-estima.  Mas todos estamos igualmente buscando nos conhecermos, nos aceitarmos, e enfim, aprendermos a nos amarmos.  Esta é uma descoberta pessoal, eterna e única de cada um.  A identidade é fluida, e se transforma através da vida, através do que toca, do que interage, do que vivencia... O auto-conhecimento e a auto-aceitação são tarefas eternas, como a pedra que Sisyphus* foi condenado pelos Deuses a carregar para o alto da montanha.  O que importa é o caminho, o processo, a viagem.  A busca é interminável!

Em mim, eu amo este coração que não tem escolha senão transbordar nestas palavras.  Em em notas de músicas, em caminhadas, em viagens, e momentos preciosos por esta vida.  Este coração que me torna frágil, e forte, e grande e tão pequena... Que me proporciona dor e a suprema felicidade.  Que compreende que a felicidade é a alegria conquistada após a dor e a maravilha de viver.  Este coração sem o qual não seria eu.  O coração que é meu, que veio comigo, que cresceu e que aprendeu a amar.  Que sabe que o amor é uma capacidade que encontrei dentro de mim e que aprendi nesses últimos tempos.  Agradeço por ele, meu coração que veio assim, que cresceu assim e que aprendeu a ser amado.

E você, o que ama em você?

* O Mito de Sisyphus, Albert Camus.

- Fernanda Tornaghi.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sobre perdas

É preciso acreditar que perdas são ilusórias.

Toda e qualquer experiência é mais um item em nossa bagagem espiritual.

E esta tem capacidade ilimitada.

Roberta Pate
em 13/01

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Amor é como cair

"Amor é como cair.
E você tenta lutar contra a gravidade,
Num planeta que insiste que o amor é como cair
E cair é assim...
Há um minuto tinha estrada debaixo de nós
E no próximo - o céu.
Eu não posso te proteger.
Sinto muito."

- Ani Difranco.

O amor é como cair.  Como cair sem rede.  Eu não posso te proteger.  Eu não posso me proteger.  O cair é necessário.  O salto livre no escuro.  Quanto mais medo você sente - maior é o perigo.  Maior o tamanho do salto.  Maior o êxtase do amor.  

Somos feitos de paradoxos.  Dualidades.  Para voar, é preciso cair.  E para amar, é preciso saber voar.

Voar é saber planar de acordo com o ar, em perfeita harmonia com o todo, com o rítmo do mundo, com o movimento da fibra que é composta de todas as coisas.
O primeiro passo é o salto, e depois abraçar.  Abraçar tudo que envolve a alma.  Porque tudo que existe faz parte da trama.  O sim e o não.  A alegria e a dor.  Voar é entender que absolutamente tudo faz parte do ato de amar.

Amar - é quando dentro de si - se compreende um microcosmo - da interconexão e unidade que existe entre todos os seres.  Aquilo que constitui todos nós e tudo que é humano.  E nos transforma em um só organismo.  Amar é compreender e vivenciar essa unidade dentro de si mesmo.

Amantes são companheiros de viagem - sideral, interplanetária e interior.  Viajantes, caminhantes de estrelas.  Estrelas são metáforas de células, células são metáforas de nós.  O amor - desejo - busca - é o combustível de toda e qualquer transformação.  Mesmo na transformação através da dor.

Existe uma dor e a liberdade, no ato de cair.

- Fernanda Tornaghi.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que tem

Nessa vida em de tudo um pouco
Tem pedra e tem sapato
Tem chuva e tem telhado
Tem barro e tem asfalto

Tem palavra e tem silêncio
Tem zumbido enquanto penso

Tem o frio e o aconchego
Tem um pouquinho enquanto escrevo
Tem o fim e também os meios
Um pouco de tudo para ninguém
Botar defeito.

Roberta Pate

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Presença



Cada momento ao teu lado
Expressivos gestos, palavras, sabores,
Levam-me por segundos, minutos, horas
Indiscutivelmente deliciosos,
Navegar sem temores
Aguas tranqüilas e fluídas da minha emoção


Fez-se o Sol em meio a sombras
Infinitamente iluminado
Luzes de uma ribalta esquecida
Geram hoje, cores de uma nova vida
Uma irrefletida consciente
Escolha
Intensamente vivida
Retrato da minha
Alma
Sensivelmente insana


Desejos de quem te quer
Envolver-me a cada dia


Menina, Mulher
Especialmente bela...
Linda!
Olhos do meu bem querer.



                                                             CD

Mais uma de amor..



Escolhas....
 sempre nos deparamos com elas ao longo de nossa existência.
Algumas mais fáceis, outras um pouco difíceis,
e tem aquelas ...  torturantes
essas últimas principalmente quando se envolve o afetivo.

Quanto  mais afeto, mais complicado,
mas para tudo existe uma saída,
mesmo que seja aquela...pra bem longe.

Geralmente, quando se está envolvido com alguém 
e não se tem certeza se é isso que queremos viver naquele momento,
não vivemos como poderíamos viver,
nos AUTO-SABOTAMOS.

Criamos obstáculos o tempo todo,
ora trabalho demais,
ora falta de tempo,
ora cansaço,
ora compromissos de última hora "inadiáveis",
e por aí se vai... vamos...

As barreiras se multiplicam quase que instantaneamente
e aquilo que poderia ser deliciosamente compartilhado,
vai sendo esquecido no caminho.

A vida é única, o amor um presente e ser verdadeiramente amado..
ah, isso é uma dádiva.
Mas, na maioria das vezes
estamos tão ocupados em nos ocupar
que nem nos damos conta disso.

A vida continua e o amor
se perde por estradas que não chegam a lugar  algum.
E não ser intensamente amado?
“É um risco que se corre...”

Para alguns não faz a menor diferença,
para outros  “tudo tem seu preço”,
 e para aqueles que sentem, mas não cuidam...
Ah..! Esses só se dão conta depois que se foram
 e não são mais
ESCOLHAS...

Uma dose de poesia


"Ontem ao compartilhar a alegria me envolvi de Paz
Ontem ao dividir novos amigos,´estava em casa’
Ontem me vieram bobagens pra dizer ao pé do ouvido
Ontem ao te ver sorrir, quis sorrir com você
Hoje ao acordar percebi o quanto te quero
Hoje quando te olhei, pensei: como te amo!
Hoje ao te abraçar, quis ali ficar por horas e horas
Hoje ao te ver partir, senti-me repartir
Hoje quando fiquei só, percebi que não estava.. não estou."

Claudia D.

domingo, 15 de maio de 2011

Solitude também é o amor.

O real amor é um estado alterado de consciência, aonde alguém se encontra completamente inebriado pela sensação de enfim não ser só.  Ser parte do outro, ser parte do todo.  Ser completamente pleno na segurança de que é a incompletude do ser que o torna capaz de formar conexão.  É este caminho transparente e etéreo entre dois seres que configura - a conexão.

Conexão só é possível porque existe um vazio, uma busca, uma falta em algum lugar.  A solidão em todos nós - é aquilo que nos separa e nos une - o que nos torna todos iguais, e todos reconhecidos uns para os outros.  O que torna este caminho - a distância insuperável entre dois seres - um encontro transponível.  Este lugar é o desejo.  Desejo é o ser humano.  Conexão - a eterna busca por saciar essa fome - é o amor.
Ele só existe porque existe o vazio.  Para esta solidão, eu sempre quis usar a palavra "solitude."

Amar o vazio é também se amar.  Amar o que não tem fórmula, não tem receita.  Não existe gabarito para determinar quem somos - a identidade humana.  Passamos a vida buscando descobrir quem somos, e não existe uma resposta correta.  Quando achamos que descobrimos quem somos - a identidade - ela é fluida!  Ela se transforma ao longo da viagem!  E ao longo das interações... como na física quântica, todas as coisas se transformam de acordo com suas relações.
Assim se faz também o amor que sentimos.  Passamos a vida tentando definir o que de fato é indefinível.  Existem tantas maneiras de amar como existem tons de branco para os esquimós.  Não existem fórmulas ou explicações de como se amar!  O amor tem vida própria.  
Para amar é preciso ter tranquilidade.  A tranquilidade é amar.  Para amar, é necessário aceitar que ele venha como fôr.
Para amar é preciso ter liberdade.  Ser livre para sentir o que fôr.  E se permitir sentir - mesmo o desconhecido.  Mesmo o que é avassalador, o que te carrega, o que nem te pertence, o que é do outro e passa a ser seu.
O amor é querer estar perto.  É o querer fazer bem.  É o querer tudo que essa vida possa trazer - para você.

Fernanda Tornaghi.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Praticando o amor gratuito


Aprendendo a praticar o amor gratuito.  O amor - ele é meu.  Pertence ao meu coração.  É uma capacidade minha, uma habilidade que aprendi.
Portanto, se escolho alguém para presenteá-lo, sou eu em primeiro lugar que estou ganhando com esse ato de presentear.  Estou ganhando através da chance, do ato de materializar - em atos - em expressões - o amor que tenho dentro de mim.  Este é o presente maior que me dou a mim mesma - a liberdade de viver, e de sentir - o meu próprio amor.
O outro é capaz de sentir a boa fortuna de ser amado tão nobremente.  E de ser cuidado.  E de ser enxergado.
Mas o real presente do amor se faz dentro do próprio ser que ama.
Em caso de perda do ser amado, por qualquer motivo, não há preocupação.  O amor, a gente nunca perde.  Porque ele pertence apenas a você.

Já que tens tanto amor para sentir, não vá ser zura e guardar ele a 7 chaves só pra quem pode te corresponder.  Essa zurisse vai te machucar muito mais do que a ilusão de não ser amada.  Porque vai prender e enjaular algo que nasce livre, e é de ser livre, sem critério, sem vergonha e sem medida - o amor.

Fernanda Tornaghi.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Pensamentos sobre o amor

Um dia desses, a Clarissa me relembrou que a Vovó Catarina disse numa aula de quarta-feira - que um dia "todos iam aprender muito sobre o amor comigo."  Desde então eu recomecei a escrever no meu diário, e tenho escrito muito, quase sempre, sobre o amor.  Li algumas passagens dessas para a Jack, e ela pediu que eu dividisse esses pensamentos no blog de Benedito.  Então aqui vai...


Para amar - é primeiro preciso saber se entregar.

Amar quem não te ama é não se entregar!

A entrega é das mais difíceis habilidades - primeiro perdidas no início da vida.  Quando se começa a aprender a precariedade da nossa condição de desamparo no mundo.  E depois de perdida essa habilidade gratuita que todos nós trazemos ao mundo - perante as decepções, frustrações e medos - nós a reconquistamos, apesar das decepções, frustrações e medo.  Essa possibilidade de se entregar perante o total desamparo da incerteza de tudo - é o amar.



Fernanda Tornaghi.